segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Augusto Nunes: prosélito de porta de funerária

Não são necessariamente com as mesmas coisas que a mídia, de um lado, e o resto do mundo, de outro, acham que vale a pena se preocupar de verdade no Brasil de hoje, nessa temporada de tumultos aberta pela desfaçatez de alguns veículos de comunicação e que continua rolando, sem perspectiva clara de acabar. Naturalmente, ninguém gosta do que está acontecendo, desse eterno anúncio da morte clínica do Brasil.

por Osvaldo Bertolino
no blog O Outro Lado da Notícia



Certos jornalistas despudorados — espécie que predomina na revista Veja — fazem do abuso da paciência alheia sua plataforma política contra os dirigentes com responsabilidade de tomar decisões no país, contra as empresas sérias ou, simplesmente, contra o cidadão que tem de sair de casa todos os dias para trabalhar.

Na impossibilidade de dialogar com esse mundo real, esses jornalistas despudorados optam por vergastar o governo com sarcasmo e opiniões corrosivas.

Augusto Nunes e sua molecagem com o Blog da Dilma é o melhor exemplo desse mundo rarefeito.

Sem o chão firme para se apoiar, ele vai para o delírio — um misto de idiotice e provocação, como neste texto. Augusto Nunes passa recibo para a constatação de que o mundo real olha para o caixa, para o mercado e para o emprego enquanto a mídia é algo que se pode ler, ver e ouvir para deplorar. Ela é como arquibancada em jogo de futebol, que fica vaiando o juiz mas não influi no resultado.

A mídia vive em atividade política absolutamente frenética — mas, no fundo, não é capaz de fazer acontecer nada. O país real sabe muito bem disso, por experiência e intuição, e, como nenhuma de suas necessidades básicas está sendo tratada nas páginas dos jornais e revistas, no rádio e na televisão, tenta colocar o foco no que realmente pode fazer diferença: o dinamismo do governo.

A visão de fora do Brasil é muito similar. Neste final de ano, por exemplo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a ser lembrado como o cara que assombra o mundo.

E, aí, o fio condutor do debate é a lista de prós e contras que a situação do país oferece.

O Brasil de hoje, de modo geral, mostra o proverbial copo com água pela metade. De um lado, é um ambiente inóspito para uma meia-dúzia de prosélitos de porta de funerária, como Augusto Nunes. De outro, abre portas para o povão, mostrando caminhos nunca antes vistos na história desse país.

Esses adoradores do caos odeiam o Estado que funciona todos os dias, todas as horas, de maneira a facilitar a vida desse povão citado acima. O Bolsa-Família, a transposição das águas do Rio São Francisco, o PAC, os empregos, as rendas — a lista vai por aí afora, e põe afora nisso — tiram dessa gente que a mídia representa as bases que pareciam eternas da estrutura social mentalmente apegada à Colônia.

E gente como Augusto Nunes, que já esgotou seu repertório de asneiras, transforma-se em bocós, como mostra o texto linkado acima. É uma lástima, uma tragédia que gente assim se proponha a debater política. Não tem como. Falta a tradicional compostura que a ocasião exige.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Altamiro Borges : Psicólogos internam o pitbul da Veja

 No Blog do Miro:

Na sua edição de 18 de novembro, a revista Veja acionou o seu pitbul para atacar a 1ª Conferência Nacional de Comunicação, que ocorrerá de 14 a 17 de dezembro. O panfleto da famíglia Civita nem sequer se dignou a informar aos seus leitores sobre o significado desta iniciativa. O silêncio da mídia sobre a Confecom é repugnante. Ao invés de informar, a revista preferiu rosnar e ninguém melhor (ou pior) do que o pitbul amestrado para isto. Basta lhe dar um osso!

No artigo “Porky’s contra a liberdade”, o colunista cometeu novamente seus exageros raivosos. “Um das propostas encaminhadas à Confecom pelo Conselho Federal de Psicologia é proibir a propaganda com pessoas de cabelos alisados”, ironizou. Ventríloquo de FHC, ele repetiu a besteira reacionária do “subperonismo lulista” para atacar a conferência, que só teria o apoio da “CUT, Abragay [haja preconceito!] e do Conselho Federal de Psicologia”. Ele também destila o seu ódio tacanho contra Franklin Martins e Dilma Rousseff. 

“Interpretação desonesta”

As asneiras preconceituosas e reacionárias do pitbul da Veja desta vez, porém, não ficaram sem resposta. O Conselho Federal de Psicologia divulgou nota criticando o texto. Só faltou solicitar a imediata internação deste sujeito patético. Reproduzo abaixo a nota:

Apesar de lamentável, não causa surpresa a interpretação de Diogo Mainardi sobre os temas apresentados pelo Conselho Federal de Psicologia para debate na 1ª Conferência Nacional de Comunicação, publicada na coluna de Mainardi na edição 2139 da revista Veja.

O CFP reafirma suas propostas, que têm como eixo a necessidade de controle público sobre os meios de comunicação, entendido não como censura, como sugere Mainardi, mas como a existência de mecanismos para que a sociedade tenha incidência sobre como a mídia, importante elemento na formação das subjetividades das pessoas na contemporaneidade, produz e reproduz idéias, comportamentos e visões de mundo.

No texto que recebe a interpretação distorcida de Mainardi, o CFP aponta o papel dos meios de comunicação no reforço de um padrão estético único, que busca anular as variedades de formas de ser, de parecer, delimitando as características físicas reconhecidas como legítimas. Padrões de beleza inalcançáveis geram conflitos, sofrimentos, baixa auto-estima, transtornos de toda ordem.

No que se refere à proposta do CFP para a discussão das relações entre mídia e trânsito, de fato o CFP questiona a ode da publicidade à velocidade, comprovadamente relacionada ao problema dos acidentes e mortes no trânsito. Também propõe que se debata o papel da mídia na construção social do predomínio do transporte individual sobre o coletivo – mais ambientalmente sustentável, mais viável para as grandes cidades, como é amplamente sabido. Infelizmente, o recorte escolhido pelo colunista apenas ironiza esta importante discussão, que ao cabo questiona o fato de a publicidade no Brasil ser auto-regulada, sem que haja qualquer mecanismo de participação da sociedade neste tema que a concerne.

Não fosse a conhecida má vontade do colunista com qualquer movimento social, seria possível achar que houve dificuldades de interpretação. Mas não nos iludiremos a este ponto. Críticas às propostas podem ser feitas e são bem vindas. Interpretações desonestas que visam a confundir os leitores só refletem a qualidade do jornalismo da grande mídia brasileira. Não era de se esperar outra reação de Mainardi e de Veja à Confecom.

As duas caras da Veja sobre o 'austero' Arruda

No Portal Vermelho:


A revista Veja chega às bancas neste sábado (5) com um exemplo talvez imbatível de confiança na falta de miolos e memória de seus leitores. Crucifica como "estrela" de "um dos mais repugnantes espetáculos de corrupção já vistos na história" o mesmo governador de Brasília que, na edição de 15 e julho último, era apresentado como modelo "de austeridade" e de que "é possível ser popular sem ceder às tentações do populismo".

A capa desta semana: pedras no 'austero' de julho
A edição de julho, trazendo nas Páginas Amarelas a entrevista laudatória com o governador José Roberto Arruda, do DEM, saiu "no mesmo dia em que o GDF [Governo do Distrito federal] fechava R$ 450 mil em compra de assinatura da revista Veja para a rede escolar", conforme recordou o jornalista Luis Nassif, em seu portal.

Naquela edição, o bandido corrupto de turno era o senador José Sarney (PMDB-AP). Ele aparecia na capa em uma foto com com os olhos vítreos; ao lado, a afirmação de que tinha "muito a explicar", pois documentos descobertos no Banco Santos "mostram uma conta secreta de US$ 870 mil movimentada em favor de José Sarney".

Afora a informação relevante, agregada por Nassif logo que estourou o escândalo brasiliense, tudo mais está na própria Veja. Em tempos de revolução informacional, o internauta não precisará nem vasculhar algum arquivo empoeirado para atestar a desfaçatez – que nem sequer vem acompanhada de uma tentativa de explicação como as colocadas na moda pela Folha de S.Paulo.

Recupere aqui a entrevista de julho, onde o jornalista Otávio Cabral levanta a bola para Arruda dizer que seu limite "é o limite ético. É não dar mesada, não permitir corrupção endêmica, institucionalizada. Sei que existe corrupção no meu governo, mas sempre que eu descubro há punição.

E compare agora com a revista deste fim de semana, onde Veja descreve "os quadrilheiros" da "turma do panetone" e "as cenas chocantes" e "acachapantes"do "esquema de corrupção montado no governo do DF".

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Hora do Povo: Governo de SP usa o Erário para fornecer mensalão ao grupo Abril


Do Jornal Hora do Povo


Em nossa edição do último dia 4, apontamos o assalto, injustificável pelos critérios da boa governança, do grupo Civita/Abril na venda de livros didáticos ao MEC. Basta relembrar que, de 2004 a 2008, esse grupo foi o que mais recebeu dinheiro nessas vendas ao MEC - R$ 719.630.139,55, o que significa que recebeu, sozinho, mais de um quinto, 22,45% do que foi dispendido pelo Ministério na compra de livros didáticos, de longe o principal gasto do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Obviamente, esse grupo está sustentando às custas do dinheiro público a sua atividade golpista e anti-social, sobretudo o seu panfleto partidário semanal, mal chamado de “Veja”.

Agora, o jornalista Altamiro Borges, editor do site “Vermelho”, em artigo intitulado, apropriadamente, “Pela imediata privatização da revista Veja”, publicado em seu blog, trouxe novos subsídios para o conhecimento do assalto perpetrado pelo grupo Civita/Abril ao dinheiro que a população paga em impostos.

“Numa conversa descontraída no aeroporto de Brasília”, escreve Altamiro, “o irreverente Sérgio Amadeu, professor da Faculdade Cásper Libero e uma das maiores autoridades brasileiras em internet, deu uma ideia brilhante. Propôs o início imediato de uma campanha nacional pela privatização da Veja. Afinal, a poderosa Editora Abril, que publica a revista semanal preferida das elites colonizadas, sempre pregou a redução do papel do Estado, mas vive surrupiando os cofres públicos. ‘Se não fossem os subsídios e a publicidade oficial, as revistas da Abril iriam à falência’, prognosticou Serginho”.

Depois de lembrar a nossa denúncia sobre a compra de livros didáticos pelo MEC, prossegue o jornalista:

“Já da parte de governos demo-tucanos, o apoio à famiglia Civita é perfeitamente compreensível. Afinal, a Editora Abril é hoje o principal quartel-general da oposição golpista no país e a revista Veja é o mais atuante e corrosivo partido da direita brasileira. Não é de se estranhar suas relações promíscuas com o presidenciável José Serra e outros expoentes do PSDB-DEM. Recentemente, o Ministério Público Estadual acolheu representação do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) e abriu o inquérito civil número 249 para apurar irregularidades no contrato firmado entre o governo paulista e a Editora Abril na compra de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola.

“A compra de 220 mil assinaturas representa quase 25% da tiragem total da revista Nova Escola e injetou R$ 3,7 milhões aos cofres do ‘barão da mídia’ Victor Civita. Mas este não é o único caso de privilégio ao grupo direitista. José Serra também apresentou proposta curricular que obriga a inclusão no ensino médio de aulas baseadas nas edições encalhadas do ‘Guia do Estudante’, outra publicação da Abril. Como observa o deputado Ivan Valente, ‘cada vez mais, a editora ocupa espaço nas escolas de São Paulo. Isso totaliza, hoje, cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos destinados a esta instituição privada, considerando apenas o segundo semestre de 2008’”.

Baseado em pesquisa efetuada pelo blog NaMariaNews (uma excelente fonte de informações sobre os negócios do atual governo paulista na área de educação), continua o jornalista:

“Numa minuciosa pesquisa aos editais publicados no Diário Oficial, o blog descobriu o que parece ser um autêntico ‘mensalão’ pago pelo tucanato ao Grupo Abril e a outras editoras, como Globo e Folha. Os dados são impressionantes e reforçam a sugestão de Sérgio Amadeu da deflagração imediata da campanha pela ‘privatização’ da revista Veja”.

Na tabela ao lado, resumimos a pesquisa do NaMariaNews - que, como diz Altamiro, são apenas “algumas mamatas do Grupo Civita”:

“- DO [Diário Oficial] de 23 de outubro de 2007. Fundação Victor Civita. Assinatura da revista Nova Escola, destinada às escolas da rede estadual de ensino. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 408.600,00. Data da assinatura: 27/09/2007. No seu despacho, a diretora de projetos especial da secretaria declara ‘inexigível licitação, pois se trata de renovação de 18.160 assinaturas da revista Nova Escola’.

“- DO de 29 de março de 2008. Editora Abril. Aquisição de 6.000 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 2.142.000,00. Data da assinatura: 14/03/2008.

“- DO de 23 de abril de 2008. Editora Abril. Aquisição de 415.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 30 dias. Valor: R$ 2.437.918,00. Data da assinatura: 15/04/2008.

“- DO de 12 de agosto de 2008. Editora Abril. Aquisição de 5.155 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 1.840.335,00. Data da assinatura: 23/07/2008.

“- DO de 22 de outubro de 2008. Editora Abril. Impressão, manuseio e acabamento de 2 edições do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 4.363.425,00. Data da assinatura: 08/09/2008.

“- DO de 25 de outubro de 2008. Fundação Victor Civita. Aquisição de 220.000 assinaturas da revista Nova Escola. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 3.740.000,00. Data da assinatura: 01/10/2008.

“- DO de 11 de fevereiro de 2009. Editora Abril. Aquisição de 430.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 2.498.838,00. Data da assinatura: 05/02/2009.

“- DO de 17 de abril de 2009. Editora Abril. Aquisição de 25.702 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 608 dias. Valor: R$ 12.963.060,72. Data da assinatura: 09/04/2009.

“- DO de 20 de maio de 2009. Editora Abril. Aquisição de 5.449 assinaturas da revista Veja. Prazo: 364 dias. Valor: R$ 1.167.175,80. Data da assinatura: 18/05/2009.

“- DO de 16 de junho de 2009. Editora Abril. Aquisição de 540.000 exemplares do Guia do Estudante e de 25.000 exemplares da publicação Atualidades – Revista do Professor. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 3.143.120,00. Data da assinatura: 10/06/2009”.

Observe-se que com aquisições de apenas quatro publicações, supostamente pedagógicas, e mais as assinaturas da “Veja”, o governo do sr. Serra transferiu, dos cofres públicos para os cofres do grupo Civita, R$ 34.704.472,52 (34 milhões, 704 mil, 472 reais e 52 centavos).

Isso, sim, é que pode ser chamado de “mensalão”, diz o jornalista, em vez dos corriqueiros problemas de caixa de campanha de tal ou qual parlamentar. Embora, é forçoso reconhecer que o grupo Civita, essa fachada da associação entre a Viacom americana e os racistas sul-africanos do grupo Naspers, não é a única quadrilha golpista a ser beneficiada por Serra. Como conclui o jornalista Altamiro Borges:

“Para não parecer perseguição à asquerosa revista Veja, cito alguns dados do blog sobre a compra de outras publicações. O Diário Oficial de 12 de maio passado informa que o governo José Serra comprou 5.449 assinaturas do jornal Folha de S.Paulo, que desde a ‘ditabranda’ viu desabar sua credibilidade e perdeu assinantes. Valor da generosidade tucana: R$ 2.704.883,60. Já o DO de 15 de maio publica a compra de 5.449 assinaturas do jornalão oligárquico O Estado de S.Paulo por R$ 2.691.806,00. E o de 21 de maio informa a aquisição de 5.449 assinaturas da revista Época, da Globo, por R$ 1.190.061,60".

Com efeito, isso é que é mensalão...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Presidenciável da Veja: Serra desaba como “castelo de areia”

No Blog do Miro:

A mídia golpista não teve mesmo como esconder as podridões do demo José Roberto Arruda. Os vídeos da Polícia Federal são demolidores. Até o Correio Braziliense e a Veja, que recentemente foram presenteados com contratos milionários de compra de assinaturas pelo governo do Distrito Federal, tiveram que triscar o assunto. A sujeira poderia, até, respingar nestes veículos! Mas, ao mesmo tempo, a mídia hegemônica faz de tudo para abafar outro caso suspeito de corrupção, que envolve diretamente o principal presidenciável tucano, o governador paulista José Serra.

A Polícia Federal divulgou na semana passada alguns documentos comprometedores da chamada “Operação Castelo de Areia” – nome bem apropriado para o candidato tucano. Uma das peças da investigação policial indica que influentes políticos do PSDB de São Paulo receberam propina da construtora Camargo Corrêa. A Folha do final de semana simplesmente ofuscou o caso. O jornal golpista da famíglia Frias preferiu abrir as suas páginas para as acusações levianas de um ex-petista rancoroso contra o presidente Lula, acusado sem provas e sem escrúpulos de tentativa de estupro.

O Estadão e o “Palácio Band”

Já o Estadão, que nunca escondeu sua adesão a José Serra, abordou o tema sem maior alarde – a se fosse uma suspeita contra qualquer político da base de apoio do governo Lula. Mesmo assim, o jornal da famíglia Mesquita se fingiu de morto ao citar a expressão “Palácio Band”, que surge numa das planilhas apreendidas pela Polícia Federal. Ele evitou explicar que a expressão é uma nítida referência ao Palácio dos Bandeirantes, local onde reside e governa o grão-tucano Serra.

O título da notinha também é maroto. “Documentos indicam mesada de empreiteira a políticos”. Não há qualquer referência ao PSDB – imagine se os tais políticos fossem de qualquer partido de esquerda. No corpo da matéria, o partido de Serra também é poupado. O jornal sequer alerta que um dos acusados de receber propina, o secretário Aloísio Nunes, é o preferido do grão-tucano para substituí-lo no “Palácio Band”. Vale à pena reproduzir alguns trechos da reportagem:

“Aloísio Nunes, US$ 15.780”

“A Polícia Federal concluiu a Operação Castelo de Areia – investigação sobre evasão de divisas e lavagem de dinheiro envolvendo executivos da Construtora Camargo Corrêa – e anexou ao relatório documento que pode indicar suposto esquema de pagamentos mensais a parlamentares e administradores públicos e doações ‘por fora’ para partidos políticos. O dossiê é formado por 54 planilhas que sugerem provável contabilidade paralela da empreiteira (...)”.

“Os repasses teriam ocorrido em favor de deputados federais, senadores, prefeitos e servidores municipais e estaduais. Em quatro anos a empreiteira desembolsou R$ 178,16 milhões. Em 1995, segundo os registros, ela pagou R$ 17,3 milhões. Em 1996, R$ 50,54 milhões. Em 1997, R$ 41,13 milhões. No ano de 1998, R$ 69,14 milhões. O que reforça a suspeita de caixa 2 é o fato de que os números alinhados aos nomes dos supostos beneficiários estão grafados em dólares, com a taxa do dia e a conversão para reais”.

“Na página 54, há quatro lançamentos em nome do deputado Walter Feldman (PSDB-SP). Cada registro tem o valor de US$ 5 mil, somando US$ 20 mil entre 13 de janeiro e 14 de abril de 1998. À página 21, outros 12 lançamentos associados ao nome Feldman, entre 26 de janeiro e 23 de dezembro de 1996 – US$ 5 mil por mês... Em outro arquivo, na página 18, valores ao lado da expressão ‘Palácio Band’ – 4 anotações, entre 8 de fevereiro e 30 de setembro de 1996, somando US$ 45 mil, ou R$ 46.165. Na última planilha, na página 54, constam nove registros, um assim descrito: "14 de setembro de 1998, campanha política, Aloísio Nunes, US$ 15.780’”.

Serra, o candidato dos Civita à Presidência, foi quem mais lutou pela privatização da Vale, segundo FHC.

Do site Conversa Afiada 

O Governador de São Paulo José Serra sem coragem de defender a priavatização de empresas estatais é desmascarado neste vídeo. O fogo amigo vem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que não dá margem a dúvidas: "O Serra foi um dos que mais lutaram em favor da privatização da Vale".

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Senadora Kátia Abreu e revista inVEJA, tudo a ver!


O texto que segue é do site Conversa Afiada :

A propósito de uma reportagem que Leandro Fortes publicou na Carta Capital, o Conversa Afiada publicou o seguinte post: Kátia, que é inimiga do MST e quer derrubar governadora, compra terra no grito e não planta nada
“Kátia, que é inimiga do MST e quer derrubar governadora compra terra no grito e não planta nada”.
Ontem, por telefone, Paulo Henrique Amorim entrevistou o pequeno proprietário rural Juarez Vieira Reis, de Campos Limpos, Tocantins.
Juarez reafirmou que a união do poder Executivo e do Judiciário de Tocantins o obrigou a abandonar as terras em que vivia com a família desde 1955, sem receber um tostão.
O beneficiário da intervenção foi a então deputada e presidente da associação rural de Tocantins, a hoje senadora Kátia Abreu, que tenta prender o João Pedro Stédile e depor a governadora do Pará.
A Senadora se apropriou das terras, embora tenha ido à casa de Juarez e prometido que não faria nada para prejudicar a família.
Juarez venceu em todas as etapas do Judiciário, mas não consegue reaver as terras.
Ele demonstrou que os documentos que atestavam a sua propriedade – o usucapião – eram legítimos.
A certa altura, uma autoridade disse que ele tinha tomado aquelas terras e Juarez respondeu: “nunca vi pobre tomar terra de rico”.
Enquanto isso, a Senadora não planta no local um pé de feijão.
Juarez calcula que a Senadora, com a desapropriação ilegal, tenha se apossado de 3 mil hectares de terra, num platô da Serra Geral.
Juarez mencionou que, no último sábado, conversou com o Senador João Ribeiro, do PR de Tocantins, e denunciou a injustiça de que é vítima.
Paulo Henrique Amorim conversou ontem à noite com o senador João Ribeiro, por telefone.
Ribeiro confirmou que esteve com Juarez numa solenidade entrega de 100 títulos, em companhia do Senador Eliomar Quintanilha, hoje Secretário de Educação de Tocantins, e José Augusto Pugliesi. Presidente do Instituto de Terra do Tocantins.
Que, de fato, conversou com Juarez.
“Um homem simples”, disse o Senador.
“É uma história de estarrecer !”, disse João Ribeiro.
“Foi um processo brutal (de desapropriação)”, disse.
O Senador anunciou que vai conversar com o Governador Carlos Henrique Gaguim (PMDB) para apurar como foi essa desapropriação das terras de Juarez e ver o que é possível fazer, dentro da Lei.
“Precisamos ver se a terra é ou era dela. É uma história de estarrecer. E ela (Senadora Kátia) não produziu nada: um pé de feijão !”, concluiu o Senador João Ribeiro.

sábado, 28 de novembro de 2009

Recordar é viver : revista Veja elogia mensaleiro do DEM




Segue parte do texto do site Conversa Afiada publicado em 24/julho/2009 :

" O governador do DF assinou um contrato, através da Secretaria de Educação do DF, de R$ 442 mil com a Editora Abril, sem licitação, para garantir a distribuiçãoda REVISTA VEJA NA SALA DE AULA, nas escolas públicas do DF.

Em troca, pela boa parceria comercial, a Revista VEJA publicou na edição desta semana, nas suas páginas amarelas, uma entrevista mais do que elogiosa ao governador. Isto é que é liberdade de imprensa e expressão? Ainda tem gente que assina acredita na revista… A grande mídia e o meu. "




Está claro no texto a relação dos políticos do bloco direitista PSDB /DEM e a editora Abril. José Serra, presidenciável tucano, também gasta muito dinheiro PÚBLICO fazendo agrados ao seu amigo pessoal Roberto Civita, dono do grupo Abril. O que mais me preocupa é o plano macabro da editora Abril para inserir essa revistinha (VEJA) de péssima qualidade jornalística nas escolas públicas do país. É um plano antigo da máfia dos Civita alienar os estudantes brasileiros.

Matéria do site R7 que mostra o vídeo de Arruda, mensaleiro do DEM, recebendo dinheiro: 

"Imagens foram gravadas no gabinete de ex-secretário exonerado por José Roberto Arruda

Do R7, com Agência Brasi


Um vídeo divulgado neste sábado (28) mostra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM) recebendo um maço de dinheiro. As imagens foram gravadas no gabinete do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, que foi exonerado do cargo por Arruda na sexta-feira (27)."




Deputado de MT critica colunista da revista Veja

Da Assessoria

O polêmico colunista da revista Veja, Diogo Mainardi, foi alvo de críticas na tarde de ontem (quarta-feira/18) na Câmara, por parte do deputado federal Eliene Lima (PP). Isto porque Mainardi intitulou Cuiabá como escória em seu penúltimo artigo, publicado na edição do dia 7 deste mês.

Em discurso no pequeno expediente, o parlamentar classificou como ofensivas às vezes em que o colunista citou nos artigos a Capital de Mato Grosso. “Por três vezes Diogo Mainardi citou Cuiabá na revista Veja, e por três vezes ele a ofendeu. A meu ver, essa é a uma atitude de quem quer aparecer através de críticas polêmicas”, sintetiza.

No artigo publicado dia 7, com o título ‘Os moluscos do Brasil’, o colunista da revista semanal abordou a visita do antropólogo francês Claude Lévi-Straus à Mato Grosso no século passado, e durante o texto utilizou o termo ‘escória de Cuiabá’. Essa citação, para Eliene Lima, deixa claro que o colunista é preconceituoso quanto à cidade. “Cuiabá pode não ser uma capital populosa como São Paulo ou Rio de Janeiro, ou então pode não ser uma cidade balada pelas celebridades como Florianópolis ou Salvador, mas isso não quer dizer que ela deve ser alvo de ofensas ou de preconceito. Minha impressão é de que esse colunista se encaixa naquele ditado que diz que bicho machucado acata sem titubear, no caso do Mainardi, eu acho que ele é um bicho urbano machucado”, alfineta o parlamentar.

Em 2005, no dia 18 de maio, Diogo Mainardi publicou um artigo ao qual dizia que se alguém o oferecesse R$ 10 mil para dar uma palestra em Cuiabá, ele pagaria R$ 15 mil para não ter que ir à cidade. No artigo, o colunista ainda afirmou que a maior ambição é jamais, em hipótese alguma, colocar os pés em Cuiabá. Uma semana, no dia 25, depois Mainardi fez novo artigo dizendo que se fosse chamado por algum tribunal de Cuiabá a explicar o texto anterior, ele preferiria ir a cadeia do que vir até Cuiabá.

“Não sou contra a opinião dele acerca de Cuiabá. Sou contra ele criticar a cidade sem nunca ter tido o trabalho de tê-la visitado ou conhecê-la”, finaliza.

Fonte : www.odocumento.com.br

STF nega liminar e Veja terá de publicar sentença

Por Alessandro Cristo

O Supremo Tribunal Federal já começa a sentir os efeitos da própria decisão que riscou do mapa a Lei de Imprensa. O acórdão publicado no início do mês, ao extinguir punições específicas para os veículos nos casos de abusos cometidos pela imprensa, acabou interferindo em ações ainda em tramitação, em que os veículos já haviam sido condenados. Como desdobramento, a corte tem recebido ações em que os veículos questionam a obrigatoriedade de publicação de sentenças condenatórias em suas páginas. O motivo é que, como a previsão de publicação de sentenças em caso de condenações só estava expressa na lei declarada inconstitucional, os veículos defendem que o fundamento em que se baseavam as ordens judiciais morreram com ela.
No mesmo dia em que o acórdão do Supremo em relação à Lei de Imprensa foi publicado, o relator do processo que extinguiu a lei, ministro Carlos Britto, concedeu liminar em favor da revista Veja, admitindo, pelo menos em caráter superficial, o argumento de que a Lei de Imprensa levou consigo as obrigações que criou, inclusive a necessidade de publicação, pelos veículos, das decisões que os condenam por danos morais. Nesta sexta-feira (27/11), foi a vez de o ministro Marco Aurélio analisar pedido semelhante, também da Editora Abril, responsável pelas revistas Veja e Exame. Elas foram condenadas a indenizar o diretor da BMW, Marcello Algodoal Prado, por reportagens consideradas ofensivas. O ministro negou a liminar à editora. Marco Aurélio foi o único dos ministros que, no julgamento da ADPF 130, declarou a Lei de Imprensa constitucional.
Ao negar a liminar, Marco Aurélio privilegiou a chamada “coisa julgada”. Ou seja, como o juiz de primeiro grau condenou a editora a publicar sua sentença com base na então vigente Lei de Imprensa, e essa condenação transitou em julgado, a mudança trazida pelo julgamento do Supremo em relação à lei não poderia mudar o que foi determinado. Já a defesa da Veja e Exame argumentou que a execução da sentença é um título executivo judicial. Afastada a lei que deu origem ao direito, o título fica vazio.
Para Marco Aurélio, no entanto, a única forma de esvaziar um título é rescindi-lo, por meio de uma ação rescisória. “A coisa julgada somente se mostra passível de afastamento mediante essa ação de impugnação autônoma”, disse na decisão.
O ministro ainda fundamentou a necessidade de publicação no que explicou o juiz Marcos Alexandre Santos Ambroje, que condenou as revistas. Segundo o julgador ordinário, a necessidade de publicação não se baseou na Lei de Imprensa, mas no direito de resposta, previsto na Constituição Federal. “E é exatamente em decorrência de tal preceito constitucional que vem amparado o título que encerra a obrigação de fazer (‘é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo...’)”, diz a decisão.
No entanto, de acordo com o advogado da revista, Alexandre Fidalgo, do escritório Lourival J. Santos Advogados, a decisão do ministro não significa que ela terá de publicar imediatamente a sentença. Segundo ele, existe outro recurso correndo na segunda instância, um agravo de instrumento, ligado a uma discussão paralela.
Outro fato que pode dar tempo à empresa foi a publicação, também nesta sexta, da Súmula 410 do Superior Tribunal de Justiça. O enunciado prevê que, nos casos de obrigação de fazer, o dispositivo a ser aplicado é o artigo 632 do Código de Processo Civil. Ou seja, a parte precisa ser citada pessoalmente. Como, de acordo com Fidalgo, a Abril ainda não foi citada da decisão em relação ao agravo que corre em segundo grau, isso lhe daria prazo para reclamar da decisão do ministro Marco Aurélio no Plenário do STF antes de ter de publicar a sentença.
Clique aqui para ler a decisão do ministro Marco Aurélio.

Reclamação 9.478

Fonte: www.conjur.com.br

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Altamiro Borges: Serra visita o chefão da revista Veja

O jornal O Estado de S. Paulo noticiou nesta semana que o governador José Serra, que trava uma guerra fratricida para ser o presidenciável tucano, fez uma visita de cortesia ao amigo Roberto Civita, o chefão da revista Veja. Não há maiores detalhes sobre o encontro, como sempre dos mais sigilosos. Mas dá para se imaginar o que rolou na conversa amistosa... e coisa boa não foi!

Por Altamiro Borges, no Blog do Miro

Talvez o grão-tucano tenha implorado o apoio na batalha sucessória da Editora Abril, a poderosa corporação midiática que edita a Veja — principal palanque da oposição direitista e hidrófoba ao governo Lula. Conhecido por suas táticas sujas e desleais, talvez José Serra também tenha repassado mais algumas intrigas contra seus adversários, seja Dilma Rousseff ou mesmo o tucano Aécio Neves.

Generosa ajuda financeira

Já Roberto Civita talvez tenha aproveitado a cordial visita para agradecer a generosa ajuda que o governo paulista tem dado à sua editora. Nos últimos anos, José Serra assinou vários contratos de compra de publicações do Grupo Abril, a maioria deles sem licitação pública. Num dos mais recentes, os cofres do estado foram saqueados na aquisição de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola, o que injetou R$ 3,7 bilhões nos cofres da famíglia Civita.

Esta generosa ajuda, feita com dinheiro público, está sendo questionada pelo Ministério Público Estadual. Em setembro, ele acolheu representação do deputado Ivan Valente (PSOL) e abriu o inquérito civil número 249 para apurar as irregularidades nos contratos firmados entre os amigos Serra e Roberto Civita. Segundo levantamento do parlamentar, “cada vez mais, esta editora ocupa espaço nas escolas de São Paulo. Isto totaliza, hoje, cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos destinados a esta instituição privada, considerando apenas o segundo semestre de 2008”.

Relações promíscuas com os tucanos

Além da bondade financeira, o presidenciável tucano está cada vez mais afiado com o discurso neoliberal da famíglia Civita. Para espantar os fantasmas do passado, ele assumiu de vez a sua postura autoritária e elitista – bem ao gosto dos editores golpistas da Veja. Talvez, Serra tente conquistar a simpatia que goza outro serviçal tucano, o ex-presidente FHC. No artigo “O jogo do milhão”, publicado na revista CartaCapital de março de 2002, o jornalista Bob Fernandes, revelou a que nível chega essa promiscuidade. Vale a pena reproduzir um trecho da elucidativa matéria:

Para que se entenda qual é a relação entre poderes constituídos no Brasil, vale uma rápida visita ao gabinete de Civita, no 24º andar do número 7.221, Marginal Pinheiros, São Paulo. O edifício é dos tais inteligentes. Monumental, debruça-se sobre o fétido Rio Pinheiros, uma espécie de divisa entre o primeiro e o quarto mundos: a favela do Jaguaré não muito distante da Abril, a meio caminho da Editora Globo... A mesa de Civita fica diante do aparador. Sobre ele, fotos. A mulher, os filhos, a família. Além dos Civita, mais uma, só mais uma foto. De Fernando Henrique Cardoso.

Por mais de uma vez, a mais de um amigo, Civita explicou: ‘Pensam que a Abril apoia o programa de governo do Fernando Henrique. A questão está mal colocada. Não é a Abril que apoia o programa do Fernando Henrique. É o Fernando Henrique quem apoia o programa de governo da Abril.

Caetano atacou direitismo da Veja; O Globo fez que não ouviu

O Globo escondeu de seus leitores a melhor parte da entrevista que Caetano Veloso concedeu ao jornalista e blogueiro Jorge Bastos Moreno. O depoimento omitido na edição desta quinta-feira (26) do jornal — mas apresentado em áudio na Rádio do Moreno — é uma enfurecida denúncia de Caetano contra a revista Veja.

Por André Cintra

Classificando os articulistas da Veja como “desonestos”, o cantor e compositor baiano citou um caso exemplar da desmoralização pela qual passa a publicação da Editora Abril, da família Civita. O episódio ocorreu em setembro de 2005, quando Veja publicou uma matéria desaforada contra o DJ norte-americano Moby. “Ele diz tanta besteira que até parece o brasileiro José Miguel Wisnik — aquele sujeito que acredita que o termo ‘Big Bang’ é uma apropriação anglo-saxã da origem do universo”, escreveu Sérgio Martins na revista.

Wisnik, no entanto, jamais teceu qualquer comentário do gênero sobre a expressão “Big Bang”. A tal “apropriação” a que Veja se refere foi feita, na realidade, por Caetano, que escreveu para a revista e corrigiu as informações. Além de a carta nunca ter sido publicada, Veja voltou a atribuir a “apropriação” a Wisnik mais duas vezes. “Nunca mudaram, são desonestos. Eu não falo com eles. Outras coisas houve antes, mas essa é inacreditavelmente canalha”, resume Caetano, na entrevista.

O cantor também faz um alerta sobre “toda essa crítica à esquerda, ao governo Lula, tudo aquilo que você vê na Veja”. Segundo Caetano, “a classe média instruída brasileira não lê direito a Veja, não acredita tanto. Mas a medianamente instruída se pauta muito por uma possível honestidade jornalística daquele veículo. Esse gente precisa ser avisada de que não há, nem de longe, sombra de honestidade naquilo”.

Confira abaixo o trecho omitido da entrevista de Caetano.

Jorge Bastos Moreno – Você tem muita inimizade dentro da música?
Caetano Veloso – Não tenho. Mesmo o Geraldo Vandré — que foi a única briga que eu tive propriamente dessa maneira, naquela altura... Quando eu estava já exilado em Londres, ele foi me visitar. Choramos juntos, estava nevando, conversamos um bocado. Depois que ele voltou pro Brasil, já estive com ele algumas vezes. Mas já faz algum tempo que ele se afastou.

JBM – O Fagner, você não dá muita atenção às criticas dele?
CV – O Fagner, eu reagi numa outra (ocasião)... Mas de vez em quando eu encontro ele. Toda vez que eu encontro com ele, a gente conversa, ri, brinca. Mas curiosamente ele é sempre convidado por órgãos da imprensa... Quando eles querem brigar comigo, chamam o Fagner, entendeu?

A Veja, uma vez, botou o Fagner nas “Páginas Amarelas”. Porque a Veja tinha sido violentamente desonesta comigo e com o José Miguel Wisnik, fez coisa assim, de uma calhordice explícita, entendeu?

JBM – Qual era o episódio mesmo?
CV – O episódio é tremendo, é comprido de contar. É muita coisa ruim, insistentemente, cinicamente, acintosamente desonesta e ruim, feita abertamente. É o seguinte... Um dia, eu abri a Veja, estava escrito assim: Moby (sabe aquele músico eletrônico americano?) é quase tão chato quanto Wisnik. Mas eu pensei: o que será que tem Moby a ver com Wisnik?

Aí, no texto, assinado por Sérgio Martins — um daqueles idiotas que escrevem na Veja —, dizia assim: “Moby sai pelo mundo pedindo desculpas porque, como americano, ele tem como presidente George W. Bush”. O Moby fazia isso no show dele. Aliás, eu acho que fez muito bem em fazer. Se eu fosse americano, eu faria a mesma coisa, porque Bush era horrível mesmo. Então ele (Moby) era americano, tinha direito de fazer.

Então o sujeito diz assim: “Ele disse isso inclusive na Venezuela”. O Hugo Chávez ainda não havia tomado nenhuma decisão muito nitidamente antidemocrática — como de uma certa forma foi tomando, pouco a pouco, ou tenta tomar. De todo modo, era um presidente eleito, tinha passado por um plebiscito, em que ele tinha ganho. Enfim, não dava para dizer que o Moby não podia dizer que era contra Bush na Venezuela porque Hugo Chávez era pior.

Mas, por mim, problema do direitismo grosseiro da Veja, que o articulista de música popular quer agradar. É da linha editorial, mas o cara tem que agradar os superiores. Era isso, uma coisa assim. Mas tudo bem. Por mim, eu não tenho nada com isso. Não sou nem de esquerda para ter raiva disso, só por isso. Acho errado, mas tudo bem. Pobre, malfeito, desonesto, mas problema deles.

Mas fiquei me perguntando: o que que o Zé Miguel Wisnik tem a ver com isso? Aí eles seguiam o negócio e diziam assim: “Pior do que isso só o José Miguel Wisnik, que disse que o 'Big Bang' era uma expressão da língua inglesa — e que, por isso, mostra a dominação da língua inglesa, não sei o quê...”.

Bom, esse pensamento sobre o “Big Bang” era meu, assinado, entende? Está no encarte do disco A Foreign Sound — você pode ir lá na loja e ler. Eu escrevi em inglês, aliás — depois eu mesmo traduzi para o português. Mas o texto original foi feito em inglês e nasceu do seguinte: eu li uma declaração do cientista (Fred Hoyle), em inglês, que criou o termo “Big Bang” para a teoria.

Outros cientistas tinham bolado vários nomes técnicos, complicados, e ele falou: “Não, tem que se chamar ‘Big Bang’, porque vai tomar conta da mente de todo mundo. É uma expressão bem inglesa, curta, sintética, vai se popularizar”. E ele se orgulhava disso — eu li a entrevista dele, entendeu?

Aos 80 anos, esse cientista inglês, já não concordava com a teoria do “Big Bang”. Ele morreu contra, dizendo que a teoria estava errada. Cientificamente, ele não aprovava mais a teoria do “Big Bang” — mas se orgulhava, dizia ele, de ter cunhado o termo que fez tanto sucesso.

Então eu, comentando isso — porque eu fiz um disco com canções inglesas —, disse assim: “A língua inglesa está em toda parte. Não apenas nos filmes de ficção científica. Nas galáxias mais distantes, os seres mais esquisitos falam inglês, como até o nascimento do universo ficou ligado a uma expressão de língua inglesa, da qual o cientista se orgulha tanto”. Na verdade, ele não resistiu, porque “Big Bang” é muito parecido com “big mac”. É tão cultura pop americana que pegou — e ele se orgulha. Isso é para a gente ver a onipresença da língua inglesa, entendeu?

Bom, eu e o Zé Miguel fomos convidados pelo grupo Corpo para fazer a música. E fizemos um negócio chamado Onqotô — que é “onde que eu estou?”, em “mineirês”, e que era como se fosse uma pergunta a respeito de nossa situação diante do universo. Toda a temática do negócio era esse. Então eu e ele, dando entrevista, mencionamos essa coisa que eu já tinha escrito a respeito do “Big Bang”, entendeu?

Aí o cara da Veja botou como se fosse uma ideia do Zé Miguel “ridícula” e “pior do que o Moby ter dito que o Bush era uma vergonha”. Eu achei uma coisa um pouco forçada. De onde saiu isso? Aí perguntei ao Zé Miguel: “Por que isso?”. E o Zé Miguel: “Não sei, porque outro dia já saiu um negócio na Veja...”.

Aí foram me mostrar um negócio contra o Zé Miguel, contra o livro do Zé Miguel, um livro que o Zé Miguel tinha escrito. Um livro, aliás, muito bom, que tinha um negócio sobre Machado de Assis que era lindo e que eles esculhambaram na Veja — principalmente aqueles “intelectuais” que escrevem na Veja. Jerônimo Teixeira, não sei, odeia Zé Miguel — acha que tem que combater qualquer pessoal da USP ligado à esquerda. Eu não sei que porcaria é.

Aí eu peguei, como eu vi tudo isso, e escrevi uma carta pequena para a Veja, dizendo: “O texto sobre o ‘Big Bang’ é meu, está na contracapa do disco. O Hugo Chávez não é um ditador, o Zé Miguel...”. Uma coisa curta assim, mas bem...

JBM – Bem incisiva?
CV – Bem incisiva. E mandei. A Veja não publicou a minha carta.

JBM – Que coisa...
CV – Não publicou a minha carta... E eles repetiram, porque eles botaram naquele “Veja essa” (seção de frases da Veja), botaram a frase e botaram embaixo “José Miguel Wisnik, a frase mais ridícula desde a explosão do Big Bang”, um negócio assim.

JBM – Que coisa...

CV – Eles repetiram isso três vezes, mesmo eu mandando a carta. Eu botei no Blog do Noblat — eu mandei a carta que eu tinha escrito e um comentário contando tudo isso e dizendo como era absurdo. Eles mantiveram, repetiram três vezes. Quando foi o número anual do Ano-Novo, aquele número dourado, aquele negócio cafona que eles fazem, aí repetiram outra vez — “José Miguel Wisnik...”.

Nunca mudaram, são desonestos. Eu não falo com eles. Outras coisas houve antes, mas essa é inacreditavelmente canalha. Eu faço questão... Aí eu fico exaltado, entendeu? Num caso desse, eu fico exaltado.

JBM – Claro, com toda razão.

CV – E tenho desejo de ficar exaltado, porque é abominável, entendeu? É preciso que se saiba que é abominável, que há muita desonestidade ali. Por exemplo: toda essa crítica à esquerda, ao governo Lula, tudo aquilo que você vê na Veja, para mim desmorona.

A classe média instruída brasileira não lê direito a Veja, não acredita tanto. Mas a medianamente instruída se pauta muito por uma possível honestidade jornalística daquele veículo. Esse gente precisa ser avisada de que não há, nem de longe, sombra de honestidade naquilo. Porque eu sei! Eu vivi isso que eu estou contando e sei o grau de desonestidade que passa por ali e que domina ali.

Texto retirado do portal Vermelho.ORG