quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Hora do Povo: Governo de SP usa o Erário para fornecer mensalão ao grupo Abril


Do Jornal Hora do Povo


Em nossa edição do último dia 4, apontamos o assalto, injustificável pelos critérios da boa governança, do grupo Civita/Abril na venda de livros didáticos ao MEC. Basta relembrar que, de 2004 a 2008, esse grupo foi o que mais recebeu dinheiro nessas vendas ao MEC - R$ 719.630.139,55, o que significa que recebeu, sozinho, mais de um quinto, 22,45% do que foi dispendido pelo Ministério na compra de livros didáticos, de longe o principal gasto do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Obviamente, esse grupo está sustentando às custas do dinheiro público a sua atividade golpista e anti-social, sobretudo o seu panfleto partidário semanal, mal chamado de “Veja”.

Agora, o jornalista Altamiro Borges, editor do site “Vermelho”, em artigo intitulado, apropriadamente, “Pela imediata privatização da revista Veja”, publicado em seu blog, trouxe novos subsídios para o conhecimento do assalto perpetrado pelo grupo Civita/Abril ao dinheiro que a população paga em impostos.

“Numa conversa descontraída no aeroporto de Brasília”, escreve Altamiro, “o irreverente Sérgio Amadeu, professor da Faculdade Cásper Libero e uma das maiores autoridades brasileiras em internet, deu uma ideia brilhante. Propôs o início imediato de uma campanha nacional pela privatização da Veja. Afinal, a poderosa Editora Abril, que publica a revista semanal preferida das elites colonizadas, sempre pregou a redução do papel do Estado, mas vive surrupiando os cofres públicos. ‘Se não fossem os subsídios e a publicidade oficial, as revistas da Abril iriam à falência’, prognosticou Serginho”.

Depois de lembrar a nossa denúncia sobre a compra de livros didáticos pelo MEC, prossegue o jornalista:

“Já da parte de governos demo-tucanos, o apoio à famiglia Civita é perfeitamente compreensível. Afinal, a Editora Abril é hoje o principal quartel-general da oposição golpista no país e a revista Veja é o mais atuante e corrosivo partido da direita brasileira. Não é de se estranhar suas relações promíscuas com o presidenciável José Serra e outros expoentes do PSDB-DEM. Recentemente, o Ministério Público Estadual acolheu representação do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) e abriu o inquérito civil número 249 para apurar irregularidades no contrato firmado entre o governo paulista e a Editora Abril na compra de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola.

“A compra de 220 mil assinaturas representa quase 25% da tiragem total da revista Nova Escola e injetou R$ 3,7 milhões aos cofres do ‘barão da mídia’ Victor Civita. Mas este não é o único caso de privilégio ao grupo direitista. José Serra também apresentou proposta curricular que obriga a inclusão no ensino médio de aulas baseadas nas edições encalhadas do ‘Guia do Estudante’, outra publicação da Abril. Como observa o deputado Ivan Valente, ‘cada vez mais, a editora ocupa espaço nas escolas de São Paulo. Isso totaliza, hoje, cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos destinados a esta instituição privada, considerando apenas o segundo semestre de 2008’”.

Baseado em pesquisa efetuada pelo blog NaMariaNews (uma excelente fonte de informações sobre os negócios do atual governo paulista na área de educação), continua o jornalista:

“Numa minuciosa pesquisa aos editais publicados no Diário Oficial, o blog descobriu o que parece ser um autêntico ‘mensalão’ pago pelo tucanato ao Grupo Abril e a outras editoras, como Globo e Folha. Os dados são impressionantes e reforçam a sugestão de Sérgio Amadeu da deflagração imediata da campanha pela ‘privatização’ da revista Veja”.

Na tabela ao lado, resumimos a pesquisa do NaMariaNews - que, como diz Altamiro, são apenas “algumas mamatas do Grupo Civita”:

“- DO [Diário Oficial] de 23 de outubro de 2007. Fundação Victor Civita. Assinatura da revista Nova Escola, destinada às escolas da rede estadual de ensino. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 408.600,00. Data da assinatura: 27/09/2007. No seu despacho, a diretora de projetos especial da secretaria declara ‘inexigível licitação, pois se trata de renovação de 18.160 assinaturas da revista Nova Escola’.

“- DO de 29 de março de 2008. Editora Abril. Aquisição de 6.000 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 2.142.000,00. Data da assinatura: 14/03/2008.

“- DO de 23 de abril de 2008. Editora Abril. Aquisição de 415.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 30 dias. Valor: R$ 2.437.918,00. Data da assinatura: 15/04/2008.

“- DO de 12 de agosto de 2008. Editora Abril. Aquisição de 5.155 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 1.840.335,00. Data da assinatura: 23/07/2008.

“- DO de 22 de outubro de 2008. Editora Abril. Impressão, manuseio e acabamento de 2 edições do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 4.363.425,00. Data da assinatura: 08/09/2008.

“- DO de 25 de outubro de 2008. Fundação Victor Civita. Aquisição de 220.000 assinaturas da revista Nova Escola. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 3.740.000,00. Data da assinatura: 01/10/2008.

“- DO de 11 de fevereiro de 2009. Editora Abril. Aquisição de 430.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 2.498.838,00. Data da assinatura: 05/02/2009.

“- DO de 17 de abril de 2009. Editora Abril. Aquisição de 25.702 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 608 dias. Valor: R$ 12.963.060,72. Data da assinatura: 09/04/2009.

“- DO de 20 de maio de 2009. Editora Abril. Aquisição de 5.449 assinaturas da revista Veja. Prazo: 364 dias. Valor: R$ 1.167.175,80. Data da assinatura: 18/05/2009.

“- DO de 16 de junho de 2009. Editora Abril. Aquisição de 540.000 exemplares do Guia do Estudante e de 25.000 exemplares da publicação Atualidades – Revista do Professor. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 3.143.120,00. Data da assinatura: 10/06/2009”.

Observe-se que com aquisições de apenas quatro publicações, supostamente pedagógicas, e mais as assinaturas da “Veja”, o governo do sr. Serra transferiu, dos cofres públicos para os cofres do grupo Civita, R$ 34.704.472,52 (34 milhões, 704 mil, 472 reais e 52 centavos).

Isso, sim, é que pode ser chamado de “mensalão”, diz o jornalista, em vez dos corriqueiros problemas de caixa de campanha de tal ou qual parlamentar. Embora, é forçoso reconhecer que o grupo Civita, essa fachada da associação entre a Viacom americana e os racistas sul-africanos do grupo Naspers, não é a única quadrilha golpista a ser beneficiada por Serra. Como conclui o jornalista Altamiro Borges:

“Para não parecer perseguição à asquerosa revista Veja, cito alguns dados do blog sobre a compra de outras publicações. O Diário Oficial de 12 de maio passado informa que o governo José Serra comprou 5.449 assinaturas do jornal Folha de S.Paulo, que desde a ‘ditabranda’ viu desabar sua credibilidade e perdeu assinantes. Valor da generosidade tucana: R$ 2.704.883,60. Já o DO de 15 de maio publica a compra de 5.449 assinaturas do jornalão oligárquico O Estado de S.Paulo por R$ 2.691.806,00. E o de 21 de maio informa a aquisição de 5.449 assinaturas da revista Época, da Globo, por R$ 1.190.061,60".

Com efeito, isso é que é mensalão...

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